SINAI

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AQUI É TERRA SANTA

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O Monte de Moisés (www.portalsaofrancisco.com.br)

Terra Santa vista do céu

Terra Santa vista do céu

Melhor do que a definição de Deus, impossível: “Tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa”. Estamos ao pé do monte Horebe, no deserto do Sinai. Um silêncio profundo, poentes sangrentos, montanhas majestosas, o sol abrasador e as dunas de areia — ou o paraíso, um oásis: a água doce, fresca, e a sombra das palmeiras e tamargueiras. Camelos e cabras pastando.  Beduínos imóveis, contemplando. Uma Terra Santa, como dizia Deus a Moisés, há mais de 3.200 anos, revelando-se “numa chama de fogo do meio de uma sarça”.

O que se avista é o cenário do Êxodo. Ou a terra da lua, a terra dos gigantes, a casa de Deus — um triângulo de 61 mil quilômetros quadrados, com o mar Mediterrâneo em sua base, e o mar Vermelho e o Golfo de Suez banhando cada ponta, ligando África e Ásia.

O Sinai, 25ª província do Egito, foi devolvido por Israel, em 1979, em troca da paz. Por aqui andou Abraão. E José se tornou escravo. Foi onde o povo judeu passou 40 anos perdido em busca da Terra Prometida. E recebeu as tábuas da Lei. Por aqui também passaram Jesus Cristo e a Virgem Maria, caminhando para Palestina. E onde ainda hoje se refugiam eremitas, cruzam andarilhos peregrinando para Meca e Medina, iluminam-se os hippies, maravilham-se os ecólogos, e clic, clic: chegaram os turistas. Os nudistas estão proibidos pelas leis islâmicas.

Uma Terra Santa, sim, e para as três grandes religiões monoteístas. Antes de ser assassinado, o presidente egípcio Anwar El Sadat sonhava com a construção de uma mesquita-sinagoga-igreja ao pé do monte Horebe, o monte Sinai, ou Jebel Musa – a montanha de Moisés. Para os cristãos, aqui os anjos depositaram o corpo de Santa Catarina, a mártir decapitada em Alexandria. O mosteiro construído em sua homenagem e com seu nome, no ano de 530, pelo imperador Justiniano I, continua aberto aos visitantes. Logo á entrada, na porta conhecida por Bab El Rais, está escrito: aqui é a porta do eterno. É por ela que os justos entrarão”. Em outra porta, encontra-se Estevão, só ossos: ele morreu em 580 vigiando o ossuário de três mil monges. Seu esqueleto mantém ainda a mesma posição, e a função.

en.wikipedia.org

O Mosteiro de Santa Catarina (en.wikipedia.org)

O mosteiro de Santa Catarina é protegido dos intrusos por uma alta muralha de granito cinzento. Lembra uma fortaleza. Era antes, no século IV, ao tempo de Constantino, apenas uma capela e uma torre de refúgio para os cristãos que escapavam das perseguições romanas. Depois de concluído, ganhou uma pequena mesquita. A cruz e a meia-lua têm a montanha de Moisés como fundo, com seus 2.285 metros acima do nível do mar. São o monumento mais importante do deserto do Sinai.

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Os monges do mosteiro de Santa Catarina não sabem com certeza qual foi o motivo que lhes rendeu os vizinhos, na mesquita, na época do califado Fatímida, que coincidiu com os primeiros anos do reino cruzado. Seria uma demonstração de irmandade entre muçulmanos e cristãos, hoje perdida no Líbano? Ou haveria alguma razão política justificando a aproximação? Intrigas do deserto: se consultados agora, os solitários monges recusariam o projeto de construção de um templo triplo como idealizado pelo presidente Sadat, em 1979. Das comemorações da paz eles só aprovaram mesmo aqueles aparelhos telefônicos que puderam compartilhar com os jornalistas, conectando a Terra Santa ao resto do mundo. Os habitantes deste deserto bíblico já viram passar por aqui as tropas hititas, assírias, persas, gregas, romanas, árabes, francesas, turcas, cruzadas, inglesas, egípcias, israelenses e varias outras nacionalidades que compõem o exército de paz das Nações Unidas.

Wadi el Tor (commons.wikimedia.org)

Wadi el Tor (commons.wikimedia.org)

Uma lenda localiza a sarça-ardente que não se consumia onde se encontra, exatamente, a igreja do mosteiro. E 1.500 metros acima, ou 3 mil tortuosos degraus, no topo do monte Sinai, o lugar em que Moisés falou com Deus, recebendo os Dez Mandamentos. Conta-se que, gago, quando perguntado para onde queria levar seu povo, respondeu: “Ca…ca…ca… E a voz divina completou:

— Canaã!

(Moisés queria dizer Ca…ca…ca…li…fór…nia, mas não conseguiu. Uma dissidência afirma que, na verdade, seria Canadá.)

Os muçulmanos sempre foram mais interessados na história e em seu significado ético do que na geografia histórica. E é por isso que não identificariam a montanha de Moisés, a sua Jebel Musa, com nenhum ponto particular no mapa. Mas isto não quer dizer que não a reverenciem profundamente, esteja onde estiver.

A biblioteca do mosteiro, uma das mais antigas e ricas do mundo, contém uma carta do profeta Maomé aos monges, confirmando a forte influência da história de Moisés sobre o islamismo. E para protege-la de um provável ataque dos bandos de beduínos, junto com o verdadeiro tesouro representado por 1.500 pinturas e 2 mil ícones, os imperadores bizantinos foram buscar os guardas ideais na Bósnia. Tornaram-se muçulmanos, e uma nova tribo no deserto do Sinai, conhecida como Al-Jibaliá, ou os montanheses.

“Sobe a mim na montanha, e lá espera” ordenou Deus a Moisés. Nos últimos 150 anos, 12 diferentes montanhas foram cotadas como o local certo do encontro: cinco no sul do deserto do Sinai, quatro ao norte, uma no centro e duas do outro lado da península triangular, na Arábia Saudita e na Jordânia.

No topo do Monte Sinai (www.gopixpic.com)

No topo do Monte Sinai (www.gopixpic.com)

Um geografo alemão, Burckhardt, foi um dos primeiros a seguir os rastros de Moisés e o povo de Israel, montado num camelo. E acabou apontando, em 1819, uma montanha ao lado de Jebel Musa e de seu mosteiro como o mais provável, por causa de algumas inscrições, “Jebel Sarbal”. Quase 50 anos depois, em 1870, Henry Spencer, chefiando uma grande expedição, pesquisou a região com geólogos, zoólogos e botânicos. E escolheu o pico oeste do Monte Sinai: Jebel Tzuftzufa, no vale de Er-Raha. De 1920 a 30, o governador inglês do Sinai, C.S. jarvis, defendeu a teoria de que Moisés teria viajado para a Terra Prometida seguindo o Mediterrâneo. Ele ficou fascinado por Jebel Hillal, perto do oásis de Cades Barnéia, alcançado dois anos depois da fuga da escravidão no Egito. A travessia do Mar Vermelho, assim, ficaria localizada na lagoa de Bardawil, perto de El Arish, cidade de exilio para criminosos.

A mais recente teoria sobre a rota do êxodo e a localização de Jebel Musa, ou Montanha de Moisés, pertence a um geógrafo israelense, Menashe Harel. Ele não acredita que os israelitas tenham tomado o “Caminho dos Filisteus”, pelo nordeste, por um simples motivo: encontrariam o exército egípcio facilmente. Assim, passaram por Ismailya, dando a volta pelo golfo de Suez e descendo por Wadi Sudar para chegar a Refidim. Aqui, Moisés, com seus 80 anos, poderia subir o Jebel Sin-Bishr, de apenas 618 metros acima do nível do mar, e receber de Deus as tabuas da lei, com os Dez Mandamentos.

Os turistas, como o próprio presidente Anwar El Sadat e os monges do mosteiro de Santa Catarina, visitam Jebel Musa, a Montanha de Moisés, o monte Sinai, como sendo o local certo do encontro sagrado. Sobe-se de madrugada ainda, para alcançar o topo durante o alvorecer, quando o calor não é insuportável. Um espetáculo grandioso, anunciado por agências de turismo como “a visão de uma paisagem lunar”. Vai-se a passos curtos, em fila de um, com guias beduínos que carregam galões com água. No alto, no “portão do céu”, encontra-se uma capela e uma casa de uma só peça, geralmente fechadas. Dependendo da época do ano pode ser vista ali uma senhora que se apresentava como “a monja do Sinai”, até 1984. A quem chegava, ela oferecia uma bala. Vestia-se toda de branco, dizia que escutava Deus e tinha um discípulo, um Iugoslavo encarregado de “limpar a montanha”. Andavam descalços: pisavam a Terra Santa.   

(www.walkopedia.net )

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