Duelo na Venezuela

Um duelo de concertos pela Venezuela está começando daqui a pouco, ao meio-dia da Brasília, na ponte Tienditas, que tem um pedaço colombiano e outro venezuelano.

Organizado pelo bilionário britânico Richard Branson, o Live Aid Venezuela tem a promessa de ser transmitido para o mundo com o objetivo de arrecadar 100 milhões de dólares em 60 dias.

O show de Maduro ganhou este título: “Tire as mãos da Venezuela”. Deve durar dois dias, seguidos de dois feriados—e, então, pelo carnaval antecipado por decreto. Os venezuelanos querem mais folia que alimentos e remédios, entende o governo.

O co-fundador da banda Pink Floyd, Roger Waters, atacou o Live Aid, por “não ter nada a ver com ajuda humanitária (…) com os venezuelanos, com democracia, com liberdade—mas, sim, apenas com Bronson”. Para Waters tudo vai bem na Venezuela, e lá nem ditadura existe.

Para Maduro, o Live Aid é um complô de Trump para invadir o país, enquanto que, para seu vice-presidente, as 300 toneladas de ajuda são veneno cancerígeno para a população.

O show de Bronson, inspirado no de Bangladesh e da Etiópia, contra a fome, contava até a estreia com 32 artistas, entre latinos, americanos e um dj sueco, mas nenhuma celebridade. Ele explica que aceitou um apelo de Guaido, o presidente interino já reconhecido por cerca de 50 nações, para ajudar a Venezuela a sair do impasse. Os artistas do show de Maduro serão todos venezuelanos.

Quem vencerá o duelo dos concertos?  Depende: se a ajuda humanitária entrar sábado no país, que está com as fronteiras aéreas, terrestres e marítimas fechadas, vitória de Bronson. O  colombiano Bruno Ocampo, empresário parceiro do Live Aide, garante que já tem pronta a logística para cruzar a fronteira, mas que não pode ainda revelá-la para “não comprometer os esforços feitos”.

O duelo só não levou em conta um detalhe: o fuso horário. A Colombia está uma hora adiante da Venezuela, duas horas de Brasília.

Estado da Desunião

O presidente Trump deve apelar à união nacional em seu discurso desta noite sobre o Estado da União – ele que é acusado de desunir os americanos. Será o “estado da desunião”, publicou um jornal.

Alguns repórteres tiveram acesso ao rascunho do discurso. O parágrafo que mais chama a atenção diz:

Juntos poderemos romper décadas de impasse político”, e segue propondo “pontes sobre antigas divisões, cicatrização de velhas feridas, construção de novas coalizões, e ainda a iniciativa deforjar novas soluções e de destravar a extraordinária promessa do futuro da América”.

Da revista The New Yorker

Para ganhar aplausos, Trump vai se comprometer a reduzir preços de drogas à venda sob receita médica, uma reivindicação bipartidária. Ele deverá falar de sua ofensiva contra Maduro, da Venezuela; das relações comerciais com a China; de seu próximo encontro com Kim Jong Un, da Coreia do Norte; e a retirada de tropas americanas das guerras na Síria e no Afeganistão, mas sem dar trégua ao terror do estado islâmico.

Suspensa no ar ficará a decisão de declarar emergência nacional para viabilizar a construção de um muro na fronteira mexicana.

Dois ex-empregados ilegais do clube de golfe de Trump, na Flórida, foram convidados pelos democratas – um deles já legalizado. Também foi reservado um assento para um sobrevivente de matanças perpetradas por atiradores solitários. É a pressão de militantes pelo controle de armas.

O Congresso terá três dias, até a sexta-feira, para preparar uma proposta de orçamento para a assinatura de Trump. O prazo se esgota dia 15. Como o dinheiro para o muro não será incluído, o governo americano está ameaçado de nova paralisia, depois da que vigorou da véspera de Natal até 27 de janeiro, um recorde de 35 dias.